Somos marcados por nossa singularidade, tal
qual nos forma e nos faz únicos. Romano Guardini, relata em suas memórias que,
Deus diz a cada um, uma palavra original; todos nós somos palavras de Deus e
que cabe a nós percebermos essa palavra e a fazer audível.
Tomás
de Aquino, afirma em suas teses que, cada um de nós somos expressão reveladora
de Deus neste mundo, de forma singular. Com nosso jeito de ser, somos capazes de patentear ao outro a
face de Deus; o ser único vem
enriquecer a convivência, preenche-la e torná-la completa.
E,
assim, é formada a fraternidade: cada um oferece seus dons e talentos,
sua singularidade, que colocada a serviço, dá forma, gera vida. Igualmente àquele
menino do evangelho de João, que tinha cinco pães e dos peixes, ele oferece
tudo o que tinha, a primeira vista de fato é pouco para alimentar uma multidão,
mas, é tudo o que ele tem, confiante e sem hesitar, entrega o que tem (João
6,9). Faz o que é preciso, entrega seu dom e o mistério é efetivado.
Francisco nos demostra, após ter
experienciado Deus, que a gratuidade e na partilha é possível erigir, somar.
Mostra com seu testemunho que o homem é lugar teológico; e compreende que cada
irmão que chega é presente e dom de Deus.
Esse irmão com suas inclinações e aptidões, sombras e claridades, compõe a
fraternidade, de uma forma insubstituível.
Ele
mesmo diz em seus escritos: “... E depois que o Senhor me deu irmãos...” (Test.
4, 14). Reconhece que efetivamente é Deus quem os põe em seu caminho, para que
juntos, ainda que com todas as diferenças que enriquece, mas, com o mesmo
propósito de vivência evangélica em fraternidade, caminhem juntos, na
construção do reino.
Portanto, Frei Francisco nos convida a lançar
esse olhar que percebe e acolhe o outro como lugar teológico. Exorta-nos, a ter
uma diligencia com a nossa palavra única, que Deus soprou ao nosso ouvido e,
sobretudo a fazer audível a todos que partilham da nossa vida.
Postulante Abdias Rodrigues de Oliveira Júnior