sábado, 22 de junho de 2013

Indigência: indivíduos invisíveis

A indigência afeta os centros urbanos, transformando em invisíveis, homens e mulheres à margem da sociedade. Sem perspectivas, pessoas terminam o ciclo da vida em total abandono, sem direitos e sem esperanças.

Em muitos estados, ocorrem acirradas disputas territoriais entre latifundiários e indígenas ou camponeses, como ocorreu, recentemente, em Mato Grosso. Índios e fazendeiros em manifestação pela defesa de seus territórios. Contudo, percebe-se que, aos poucos, são os nativos, aliás, habitantes desse continente antes mesmo da chegada dos europeus, que vão perdendo suas terras, delimitadas pelo governo. São desconsiderados em suas posições e “indigenciados”; pois, está ameaçada sua forma de vida. Dependem da flora e do cultivo rudimentar do solo para mantê-la e dar continuidade a mesma.

Com o intuito de embelezar a capital mineira para a Copa das Confederações, mendigos são retirados das ruas e encaminhados para bairros distantes, segundo algumas entidades assistenciais em Belo Horizonte. Estes são como homens invisíveis, que não satisfazem uma sociedade consumista. Residem nas ruas não por vontade própria, mas, por não encontrarem subsídios que os auxiliem na melhoria das condições de vida.

Conclui-se que, enquanto persistirem formas de exploração do ser humano, permitindo uma má distribuição de renda, muitas pessoas continuarão ocultas sob a sombra da indigência. Fingir sua inexistência, voltando o rosto e cruzando os braços é menosprezar a dignidade humana daqueles que carecem dos direitos fundamentais para viver, previstos, inclusive, nas constituições federais.


Postulante Warley Alves de Oliveira

sábado, 15 de junho de 2013

O Cuidado


Na vida, na saúde, na educação na ecologia, na ética e na espiritualidade haverá sempre a necessidade do cuidado. Onde não existe o cuidado, já não existe mais vida.

O primeiro fator que importa é lembrar de que o ser humano é um sujeito, e não uma coisa. Vidas estarão sempre em conjunto num globo, precisando da sintonia, do olhar cuidadoso para com a terra e cada componente que nela vive.

Cuidado e justiça distinguem-se, mas não se opõem. Eles se compõem, pois precisamos de ambos para dar conta dos problemas atuais.

Anselm Griin diz que quando as pessoas não podem mais falar entre si, a vida torna-se árida. Cuidar é também deixar o outro achar que precisa de algo e não dar-lhe o que ele precisa. É amar a vida sabendo que não vivemos sós.

Portanto, é preciso na dimensão do cuidado, sermos sempre gratos pelas complexidades dos bens que temos. A vivência do amor trabalhada resultará no crescimento pessoal e no cuidado necessário. 


Postulante Aeliton Martins da Silva






sábado, 8 de junho de 2013

Dom e Mistério

Somos marcados por nossa singularidade, tal qual nos forma e nos faz únicos. Romano Guardini, relata em suas memórias que, Deus diz a cada um, uma palavra original; todos nós somos palavras de Deus e que cabe a nós percebermos essa palavra e a fazer audível.

Tomás de Aquino, afirma em suas teses que, cada um de nós somos expressão reveladora de Deus neste mundo, de forma singular. Com nosso jeito de ser, somos capazes de patentear ao outro a face de Deus; o ser único vem enriquecer a convivência, preenche-la e torná-la completa.

 E, assim, é formada a fraternidade: cada um oferece seus dons e talentos, sua singularidade, que colocada a serviço, dá forma, gera vida. Igualmente àquele menino do evangelho de João, que tinha cinco pães e dos peixes, ele oferece tudo o que tinha, a primeira vista de fato é pouco para alimentar uma multidão, mas, é tudo o que ele tem, confiante e sem hesitar, entrega o que tem (João 6,9). Faz o que é preciso, entrega seu dom e o mistério é efetivado.

  Francisco nos demostra, após ter experienciado Deus, que a gratuidade e na partilha é possível erigir, somar. Mostra com seu testemunho que o homem é lugar teológico; e compreende que cada irmão que chega é presente e dom de Deus. Esse irmão com suas inclinações e aptidões, sombras e claridades, compõe a fraternidade, de uma forma insubstituível.

Ele mesmo diz em seus escritos: “... E depois que o Senhor me deu irmãos...” (Test. 4, 14). Reconhece que efetivamente é Deus quem os põe em seu caminho, para que juntos, ainda que com todas as diferenças que enriquece, mas, com o mesmo propósito de vivência evangélica em fraternidade, caminhem juntos, na construção do reino.

 Portanto, Frei Francisco nos convida a lançar esse olhar que percebe e acolhe o outro como lugar teológico. Exorta-nos, a ter uma diligencia com a nossa palavra única, que Deus soprou ao nosso ouvido e, sobretudo a fazer audível a todos que partilham da nossa vida.



Postulante Abdias Rodrigues de Oliveira Júnior